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Ana Flávia Cabral Souza Leite

Atualizado: há 21 horas


Nossa Mulher Positiva é Ana Flávia Cabral Souza Leite, que, à frente da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), une gestão, cultura e impacto social, transformando a música em uma poderosa ferramenta de educação e inclusão. Com uma trajetória que transita pelo Direito e pela gestão pública, ela se consolidou como uma liderança inspiradora para o setor.




  1. Como começou a sua carreira?

Tenho para mim que a carreira começa com a noção de trabalho e de responsabilidade. E meu primeiro trabalho foi como office-boy na empresa da minha mãe que, ao invés de privilégio, tornava tudo ainda mais rígido, porque havia menos espaço para errar. Morávamos em uma cidade pequena, eu fazia tudo a pé, mas imagina... naquela época a gente pagava boleto no banco, tinha fila e tinha que saber se comunicar. As tarefas ligadas ao cartório sempre tinham a ver com prazos. Então, envolviam muita emoção. Eu também fui cuidadora voluntária na Casa da Criança na mesma época. Fomos educados a praticar o bem ao próximo. Esses dois trabalhos significam meus primeiros contatos com compromisso em relação a terceiros, dentro de uma atmosfera de seriedade, em que as pessoas envolvidas estão também comprometidas com seus afazeres. Portanto, cada um precisa fazer a sua parte da melhor forma.

Quando comecei a trabalhar em escritório de advocacia em 2.001, no primeiro ano da faculdade, eu já tinha alguma noção de prazos, formalidades, postura, dinâmicas de cartório, fórum e banco. Me ajudou muito ter começado a trabalhar cedo. Minha carreira foi-se construindo na soma dos empreendimentos acadêmicos com os trabalhos técnicos e tive muita sorte de ter tido excelentes professores ao longo de toda minha relação com a universidade, ao mesmo tempo em que fui bem-sucedida nas experiências dos estágios jurídicos. Tudo isso criou um bom alicerce para que, agora advogada e com Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), eu pudesse fazer escolhas inovadoras como quando decidi trabalhar na Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo.

  1. Qual foi o momento mais difícil da sua carreira?

Foi o período do impeachment. Na época, eu era secretária de Planejamento, Orçamento e Administração do Ministério da Cultura (MinC) e aconteceu o impedimento da presidente. Quando assumiu o vice-presidente, foi tomada a decisão de se extinguir o Ministério da Cultura.  Mas o Ministério da Cultura não é só um “projeto” ou um “assunto” dentro de um governo. O MinC possui uma série de atribuições relacionadas à complexa gestão de pessoas e a um orçamento de grande vulto, que abrange todos os equipamentos culturais nacionais como o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), a Agência Nacional do Cinema (Ancine), a Fundação Nacional de Artes (Funarte), a Fundação Biblioteca Nacional, a Fundação Casa de Rui Barbosa, a Fundação Palmares. Havia todo o planejamento e execução das Olimpíadas de 2016... Extinguir o MinC implicava extinguir toda a infraestrutura da cultura nacional e isso foi feito por uma medida provisória. Da noite para o dia, eu não podia mais assinar nem a folha de pagamentos. Em questão de horas, éramos 3,5 mil funcionários que não podiam nem receber salário porque a conta do MinC foi extinta. Ao mesmo tempo, começou o movimento “Ocupa MinC” pela sociedade civil e todos os equipamentos nacionais foram ocupados em protesto contra a extinção do ministério. Minha vida passou a ser administrar ordens policiais de desocupação no Brasil inteiro... Por alguns longos meses, com uma crise aguda de queda de cabelo e úlceras, tudo que eu conhecia sobre como a cultura é importante para uma sociedade passou a ser irrelevante. Passei 40 dias trabalhando na defesa da retomada do ministério e, em algumas semanas, a medida provisória foi reeditada e o MinC restabelecido.

3. Como você consegue equilibrar sua vida pessoal x vida corporativa/empreendedora?

Preciso ser sincera e confessar ainda não ter encontrado um ponto de equilíbrio entre a vida pessoal e a vida corporativa/empreendedora. Além do meu trabalho junto à Fundação OSB, sou membro do Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional e professora-coordenadora de Field Project na Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas, do Rio de Janeiro, e recém-indicada para a posição de conselheira de um instituto ligado a uma grande empresa de tecnologia para o mercado financeiro.

Como são várias frentes de trabalho e várias organizações, acabo tendo uma rotina de grandes demandas, muitas reuniões e viagens. Aprendi a fazer exercícios físicos online, levo minha treinadora para todos os lugares do mundo comigo. Planejo momentos específicos dedicados à minha família e deixo o celular de lado para estar com eles. Mas a maternidade para mim vai além da missão de cuidar da minha filha: tem a ver com a maneira de enxergar o mundo e sobre como encarar a vida, que passou de um protocolo de sobrevivência para uma plantação de belezuras sem garantias. Uma vida de jardins. Minha filha é o próprio vento da transformação e, por isso, a maternidade está também diretamente ligada à minha vida profissional.

4. Qual seu maior sonho?

Em 2017, eu sugeri a criação na OSB do projeto Conexões Musicais, um programa de educação musical que leva o ensino de música a crianças e adolescentes de escolas públicas e projetos sociais. De lá para cá, o programa já alcançou mais de nove mil alunos, em 38 cidades de 11 estados. O público superou a marca de 80 mil espectadores. 

Foi este projeto que deu à Fundação OSB o prêmio Music Citites Awards na categoria de melhor iniciativa de apoio à educação musical e desenvolvimento de carreira.  Todas as vezes que vou a uma cidade para concretizar mais uma etapa deste programa eu me emociono ao ver seu poder de transformação sobre as crianças, os pais, os professores e a comunidade. Meu sonho foi-se moldando ao longo do Conexões Musicais e agora é levar educação musical gratuita a todo o mundo. 

5.  Qual sua maior conquista?

Trabalhei em muitos lugares, grandes organizações, tive grandes mestres e tenho certeza de que a minha maior conquista foi a equipe que eu tive a oportunidade de formar e levo comigo para o resto da vida. Por isso a minha maior conquista é o coletivo, é o time.

 

6. Livro, filme e mulher que admira?

Livro: Grande Sertões Veredas (Guimarães Rosa)

Filme: Fremont (dirigido por Babak Jalali e co-escrito por Carolina Cavalli) 

Mulher: todas as mulheres que trabalham incansavelmente para construir a educação no Brasil.



 
 

Sobre Elas: Histórias que Inspiram Mudança

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